Yogaterapia (parte 2) 

B.K.S. Iyengar

Trecho do Yoga Rahasya. Tradução livre de Maurício Frighetto.

Princípios da terapia asana-pranayama

O corpo orgânico funciona nos constituintes bioquímicos dos humores (doshas), constituintes ou ingredientes (dhatu) e impurezas (mala). A consciência que está envolvida na prática yogue muda a bioquímica do corpo por meio da circulação sanguínea e do metabolismo adequados. Através do pranayama, o prana do corpo é vitalizado e, por outro lado, vitaliza o corpo.

De acordo com as ciências médicas modernas, as doenças são erradicadas pelas drogas que atuam no corpo, que por sua vez reage a essas drogas. A terapia asana-pranayama não é “matéria” como as drogas, mas é realizada pelo corpo – um produto como os elementos que não só constituem o universo externo, mas também constituem o mini-universo em nosso corpo. É assim que asana e pranayama exercem um efeito terapêutico.

Atingindo a perfeição em um asana 

Patanjali diz “sthira sukham asanam” e, no entendimento do homem comum, asana é qualquer postura em que o sadhaka (praticante) permanece confortavelmente, com a cessação de todos os efeitos, com equilíbrio mental.

Esquece-se facilmente que “sthira sukham asanam” é o resultado final da perfeição de um asana.

A perfeição no asana resulta em:

Firmeza no corpo

Estabilidade na inteligência

Benevolência na consciência

Cessação de esforços

Corpo e mente fundindo-se totalmente com o vidente

Finalmente, fim das dualidades e da diferenciação ao nível do corpo e mente.

Porém, até que essa perfeição seja alcançada, os esforços continuam e o asana se torna uma modalidade terapêutica. O estado ideal no asana, mencionado acima pelo Senhor Patanjali, é alcançado quando o sadhaka está em perfeição, onde a questão da doença, estado doentio, dores e problemas não surgem. Portanto, para alcançar o estado de perfeição mencionado acima, o sadhaka (praticante) tem que fazer o sadhana (prática) e tapas (austeridade).

O espectro dos asanas

Asanas consistem em ações ou movimentos como esfregar, apertar, congelar, pacificar, ativar, estimular, apoiar, acalmar, penetrar, estreitar, espalhar, fixar, aquecer, resfriar etc. O asana-pranayama é cultivado com sensibilidade no corpo. Os movimentos consistem em contorção, contração, expansão, extensão, circundução e abdução. Além disso, existem movimentos verticais, horizontais, circulares, espirais e circunferenciais. O asana penetra no caminho fisiológico em profundidade, largura e comprimento. O asana atinge o corpo penetrando em todas as direções.

Por outro lado, o corpo, junto com a mente e a respiração, detém o asana de uma maneira necessária e eficaz. Cada asana, com seus cinco aspectos, a saber, qualidade, potencialidade, intensidade, efetividade, substancialidade e confiabilidade, trabalham no corpo com uma luz específica e onde o centro gravitacional deve estar. Deve-se saber onde, quando e como a energia deve ser difundida, infundida e instilada.

Asana trabalha para ativar as partes preguiçosas ou desativar algumas partes da fisiologia. Uma parte fisiológica hipoativa equivale à hipertensão em algumas outras partes do corpo. Consequentemente, o asana traz equilíbrio interno.

Os diferentes tipos de asanas destinam-se a atender a uma variedade de necessidades psicofisiológicas e neurofisiológicas. Os asanas atuam desejavelmente nas glândulas e órgãos correspondentes com padrões respiratórios específicos. Na verdade, é a bio-força (respiração) que anima e opera todos os mecanismos humanos, que desempenha um papel vital na manutenção do corpo em várias posturas.

Veja os outros trechos:

Yogaterapia (parte 1)

Yogaterapia (Parte 3)