Por Karl Baier
Trecho do artigo “O que é um asana?”, publicado na revista Yoga Rahasya em 1995. Tradução livre de Maurício Frighetto.
Como alguém deve ser capaz de praticar alguma coisa e como deve entender os efeitos dela se não tem conhecimento de sua essência?
É verdade que uma prática atenta leva em direção a uma familiaridade não articulada com a essência do que quer que seja praticado. Mas a pergunta e a resposta articuladas sobre a essência são, no entanto, de grande importância, porque ajudam a evitar maneiras erradas de praticar e apontam para a profundidade da experiência. Uma profundidade que está muito escondida em um entendimento superficial e que até o praticante muito experiente precisa trazer à sua mente repetidamente para trazer vida mais profunda a ela.
Rotinas sem sentido e superficiais começam se a essência do asana não for compreendida ou for esquecida. Especialmente o professor deve ter um profundo e afetuoso conhecimento da essência do que quer que ensine, devido à sua responsabilidade de comunicar o núcleo da matéria ensinada.
Durante minha estadia em Pune em julho de 1992, eu tive a oportunidade de discutir vários problemas relativo à história e à filosofia do Iyengar Yoga com seu fundador. Em uma de nossas conversas eu perguntei ao Guruji a questão que não estava respondida pelos livros de yoga que tinha lido: “O que é um asana?” Ele pensou sobre isso por um momento e então deu esta concisa e filosófica definição.
Qual é a definição de um asana?
O asana é um processo de posicionar-se e reposicionar-se, através do qual, equilibrando os movimentos de involução, a mente alcança um estado de tranquilidade.
Essa afirmação tenta, em certa medida, desvendar a essência do asana. De uma forma concisa, como um sutra, contém pensamentos importantes que valem a pena ser considerados por todo praticante de yoga, porque são capazes de nos guiar para a profundidade da experiência do yogue.
Asana como um processo
Asana não é algo estático. Não é uma transformação de uma pessoa em uma estátua, como uma pedra. Ao contrário, de acordo com Guruji, a própria essência do asana é um movimento constante, um processo que simplesmente não termina, mas que se realiza na tranquilidade. Costuma-se pensar que o que pode ser visto nas fotografias dos livros de yoga é idêntico ao asana.
Mas o que se vê na fotografia nunca é a postura em seu verdadeiro ser; é um instantâneo que captura apenas um breve momento do que, na realidade, é um processo contínuo de posicionar-se e reposicionar-se. Do ponto de vista da experiência do praticante, não há pose (como um objeto percebido externamente), há apenas o ato de realizar a postura. A questão que se coloca agora é como o processo de realização do asana é estruturado. É respondido na próxima parte da definição de Guruji.
Leia os outros trechos do artigo.
Asana é uma postura, uma pose, um exercício ou um padrão postural?
Qual é a essência de um asana?