Um dos aspectos mais interessantes em uma aula de yoga é a possibilidade de refletir sobre nossa vida, sobre nossa existência. Porque o yoga, além de nos tornar mais fortes e flexíveis, é uma prática que vai muito além do tapetinho. Em uma aula da professora Camila de Lucca, realizada antes de entrarmos em quarentena, tivemos uma ótima oportunidade de unir reflexão e ação. Agora esses ensinamentos parecem fazer ainda mais sentido.
Ao sentarmos e nos prepararmos para a invocação a Patañjali, Camila guiou nossa observação para a coluna vertebral, um pilar do nosso corpo. No próximo āsana, Adho Mukha Virāsana, apoiamos as mãos na parede. Também fizemos posturas como Utthita Trikonāsana e Ardha Chandrāsana com o pé de trás na parede. “Notem como o simples toque do pé na parede nos traz estabilidade, firmeza e equilíbrio”, disse Camila.
A parede, além de nos ajudar fisicamente nas posturas, era uma metáfora. Ao mesmo tempo em que fazíamos as ações, como alinhar as pernas, estender as laterais do tronco, a professora nos levava a uma reflexão. “Buscamos estabilidade em coisas externas, mas as coisas externas estão mudando constantemente. Não são como esta parede. Queremos nos sustentar através do corpo, mas ele está mudando. Devemos buscar algo em nós que não mude o tempo todo. Algo que não seja tão transitório”.
Fomos para Savāsana, a postura do morto, momento em que o corpo todo está relaxado. Na medida em que nos aprofundávamos na postura, a professora nos conduzia a mais reflexão. “Quando estabelecemos o contato com nossa essência, conseguimos a estabilidade. E o que é esta estabilidade? É uma mente mais clara, o peito mais calmo, o corpo mais equilibrado. Devemos buscar uma boa referência para ter estabilidade na vida. E essa referência vem da nossa alma.”
Texto Maurício Frighetto
Foto Luiz Frota