Em uma das aulas desta semana, no dia que marcou o início da Primavera, o professor Pedro Pessoa fez uma reflexão sobre o que significa a entrada na nova estação no Yoga.
Na tradição antiga do Japão, o jardim externo era considerado uma extensão da qualidade interna do proprietário. Aquele que entrava naquele jardim, dependendo de sua qualidade interna, reconhecia a qualidade interna de quem o recebia. Quando entra em savasana, você está convidando a si mesmo para entrar neste jardim.
Neste instante existem dois de você: aquele que recebe e aquele que visita. Busque identificar a qualidade de cada um deles. Neste instante, na medida que vamos nos aprofundando na postura, começamos a compreender que estes dois se ajudam mutuamente para melhorar a sua capacidade de sensibilidade. A sensibilidade daquele que prepara o jardim para receber e a sensibilidade daquele que visita o jardim melhoram a tal ponto que começa a existir uma perfeita unidade entre aquele que prepara o jardim e aquele que visita. Estes três se tornam um.
A cada prática você tem a condição de trabalhar no seu jardim, de aprimorar as suas técnicas, o seu conhecimento, a sua habilidade em cuidar deste jardim. A cada prática a sua qualidade de visitante se desenvolve, você é capaz de observar a maravilha desse jardim, você é capaz de se encantar com o esforço que existe por trás da beleza que tem neste jardim. Você se encanta com a possibilidade de ficar contemplando este jardim. Você passa não apenas a enxergar este jardim, mas você passa a sentir este jardim.
Com o tempo esse jardim nos confere calma, tranquilidade, paz, silêncio. Neste instante você faz parte desta grande obra, torno-me a própria flor deste jardim. Cada um de nós é uma flor neste jardim do universo. Estamos aqui para desabrochar as nossas qualidades, exalarmos alegria, beleza, amor. Essas são algumas das fragrâncias dessa flor que chamamos de ser humano. Não importa o Inverno que cada um passou, permita que a Primavera possa chegar, permita que essa flor possa desabrochar.
Não força, ninguém pode fazer uma flor desabrochar. Sem dúvida nesses encontros encontramos o ambiente propício para desabrochar. Talvez um dia mais, um dia menos. Ao terminar a prática, não se perca nos seus problemas, nas suas tarefas, nas suas responsabilidades. Pelo contrário, leve esta flor com você aonde quer que você vá.