Como o yoga me transformou (Parte 2)

Por B.K.S Iyengar

Trecho do Yoga Rahasya. Tradução livre de Maurício Frighetto

Minha primeira exposição ao yoga
Meu corpo estava muito rígido, pois havia passado muitos anos acamado. Meus braços mal alcançavam meus joelhos quando fazia flexão para frente. Eu duvidava que o yoga fosse me fazer bem porque meu corpo não estava respondendo, embora eu estivesse lutando muito. Fiquei com meu Guru por dois anos. No começo ele não mostrou muito interesse em ensinar-me, possivelmente devido ao meu físico fraco. Ele voltou sua atenção para mim quando um de seus alunos mais velhos o deixou para sempre após um ano de minha estadia.

Ele me fazia praticar yoga duas vezes por dia. E como ele exigia! Ele era muito severo e isso incutiu em mim um complexo de medo. Tive muitas dores e cansaço por causa dessa prática intensa. As circunstâncias me forçaram a fazer o que meu Guru ordenava. Eu não fui para o yoga como vocação, pois não nasci na casa de yogues, santos ou filósofos. Agora eu considero que foi um golpe de sorte que o yoga me perseguiu, embora eu fosse indiferente a isto.

Minha primeira exposição ao ensino
Em 1936, o Marajá de Mysore enviou meu Guru junto com alguns de seus alunos, incluindo eu, em uma excursão para fazer palestra e demonstração ao norte de Karnataka. Várias pessoas, incluindo mulheres, nos pediram para ensiná-las durante esta excursão. Naquela época, as mulheres eram muito tímidas para praticar yoga na frente de homens mais velhos. Meu Guruji me pediu para dar aulas para essas mulheres, pois eu era o mais jovem do grupo. Elas me aceitaram de bom grado como professor.

Assim, Guruji plantou a semente do ensino em mim, que agora cresceu e se tornou uma árvore poderosa, espalhando seus galhos por todos os cinco continentes.

Comecei a receber muitas ofertas para ensinar yoga. Ensinar exigia experiências, mas eu era um novato em yoga. Minhas práticas e experiências limitadas mantiveram minha coragem sob controle. Eu estava nervoso para assumir a responsabilidade, mas minha mente estava dizendo: “Por que não arriscar?” Aceitei humildemente ensinar com medo em meu coração. Essa mansidão me forçou a praticar mais e mais para ganhar experiências. O interesse pelo yoga surgiu não por amor ao yoga, mas sim para ganhar meu sustento.

Como Pune tornou-se minha casa
Em 1937, o Deccan Gymkhana Club em Pune escreveu ao meu Guru pedindo que enviasse um professor de yoga por seis meses. Guruji queria muito que alguém fosse até lá ensinar. Nenhum dos alunos do meu Guru estava disposto a aceitar essa oferta. Todos os seus alunos, exceto eu, eram da Mysore Sanskrit Pathshala. Somente eu estudava em uma escola que ensinava inglês. Ele me mandou ir a Pune porque eu sabia um pouco de inglês. Eu concordei porque estava procurando me libertar da escravidão.

Conheci os sócios do clube que me pediram para dar aulas em várias escolas, faculdades e centros de educação física. Era um prazer entrar nas instalações da faculdade para ensinar yoga quando eu não tinha completado a educação escolar.

Leias os outros trechos:

Como o yoga me transformou (Parte 1)

Como o yoga me transformou (Parte 3)

Como o yoga me transformou (Parte 4)