Por que devemos reverenciar esse grande mestre?

No dia 14 de dezembro de 1918, às 3h da madrugada, um bebê de aparência muito frágil
nascia no vilarejo de Bellur, na Índia. O mundo sofria com a epidemia da Gripe Espanhola e
com a Primeira Guerra Mundial. Mas, em meio a todas essas adversidades, aquele menino
que enfrentou várias doenças e dificuldades durante a infância se transformaria em um dos
maiores yogues de todos os tempos. E teria um papel fundamental na popularização desta
prática milenar.

Bellur Krishnamachar Sundararaja Iyengar, mais conhecido como B.K.S. Iyengar, é
reverenciado em todas as aulas do método que ele criou. Se estivesse vivo, Guruji
completaria hoje 104 anos. Este é um momento especial para relembrarmos sua história e
seu legado.

Por que Guruji Iyengar deve ser reverenciado? Essa pergunta pode ser respondida de
inúmeras formas e vamos apresentar aqui algumas delas.

Guruji sistematizou e documentou o conhecimento do yoga, que vinha sendo transmitido de
mestres a discípulos ao longo de milênios. Ele inovou e transmitiu os ensinamentos de
diversas maneiras: aulas, conferências, formação de professores, artigos e livros. Entre
suas obras, a mais conhecida e talvez a mais importante seja o livro “Luz Sobre o Yoga”. Na
publicação, o mestre traz ensinamentos sobre a teoria do yoga e explica, de forma didática,
com o uso de textos e imagens, os principais asanas e pranayamas. Traduzido em diversas
línguas, a obra é hoje usada por professores e alunos de diversos métodos.

Iyengar também aperfeiçoou e criou muitos “props” – objetos que auxiliam a prática, como
blocos, cintos, cadeiras, cobertores –, adaptando os asanas a corpos em diferentes
condições de saúde e estágios da vida. Hoje os props são utilizados tanto por alunos mais
iniciantes, como por aqueles que já têm muitos anos de prática. São importantes para quem
tem pouca flexibilidade ou força, e também para exercícios educativos.

Os props são um instrumento essencial na yogaterapia, outra vertente importante dos
ensinamentos do Guruji. “A terapia é um tratamento para distúrbios do corpo mental e físico
com a ajuda de agentes ou técnicas medicinais. A prática de yoga é uma terapia na medida
em que fornece as técnicas máximas e mais minuciosas para curar corpo e mente sujo”,
escreveu certa vez.

O mestre também sempre defendeu que yoga é para todos: pais, mães, filhos, homens,
mulheres, pobres, ricos, pessoas de todas as cores e credos. Não é, portanto, uma prática
em que seus adeptos devam se isolar em cavernas ou montanhas, mas sim seguirem
vivendo em sociedade. Prova disso é que Guruji teve filhos e criou sua escola em Pune,
uma grande cidade da Índia, onde sempre recebeu de braços abertos praticantes de
diversas partes do mundo.

“Eu gostaria de praticar yoga até meu último suspiro com meus humildes serviços ao yoga e
meu único desejo é me prostrar a Deus, me render a Deus, entregando meu sopro oriental
enquanto pratico. Tenho certeza de que depois de mim, meus alunos, meus grandes alunos

e meus ótimos grandes alunos levarão a mensagem do yoga a todos os cantos do globo
para que todos possam viver como uma raça humana, sem divisão geográfica ou divisão de
casta, credo de cor ou sexo”, disse ele.

De fato, Guruji praticou yoga até seu último suspiro. Neste aniversário de seu nascimento, a
maior homenagem que podemos fazer a este grande mestre é continuar praticando e
levando sua mensagem. Esse é o melhor presente que podemos lhe oferecer.

Texto: Daniela Caniçali e Maurício Frighetto